quarta-feira, 12 de novembro de 2014


Há quase 4 anos um grupo de 5 psicólogas amigas se reuniu e ofereceu à PUC um curso de extensão em Psico-Oncologia. 

Todas nós, com um percurso de experiências institucionais, clínicas e acadêmicas, sentimos a necessidade de se filiar a uma Universidade e estruturar um curso que abordasse os principais aspectos, conceitos e disciplinas que permeiam a Psico-Oncologia.

A PUC , junto do Departamento de Psicologia, comprou a nossa ideia no ato, e assim, dávamos início a árdua tarefa de estruturar um curso que duraria 1 semestre apenas e montar um programa que coubesse o universo rico e complexo dos aspectos emocionais do adoecimento por câncer.

A resposta positiva veio logo na 1a turma que teve todas as vagas preenchidas e fila de espera. Iniciamos as aulas no campus da Barra da Tijuca e no ano seguinte a PUC nos levou para o campus da Gávea, com a intenção de mais alunos poderem participar.

E aqui estamos nós, caminhando para a 4a turma, que terá início em março do próximo ano e já está com as inscrições abertas.

Todo o programa e conteúdo é pensado, discutido e revisto a cada semestre a partir das avaliações dos próprios alunos.

É isso, seguimos nesta caminhada da Psico-Oncologia, tendo a chancela de uma grande Universidade como a PUC e ampliando as discussões em torno do tratamento oncológico de forma didática, acadêmica, estruturada, cuidadosa e ajudando na capacitação dos profissionais que escolheram essa área de atuação.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014



Hoje tivemos uma experiência muito interessante e rica, participamos do I Simpósio de Doação de Órgãos e Tecidos do Hospital Municipal Souza Aguiar.

Foi incrível escutar e compartilhar a experiência com profissionais muito cuidadosos e envolvidos nesta tarefa tão delicada e complexa.

A nossa palestra foi sobre Morte Encefálica e o Luto das Famílias Doadoras e abordamos a questão sob o viés do luto enquanto reação que perpassa todo o processo, desde o início da internação até a constatação da morte encefálica propriamente dita e no pós óbito.

Foi uma honra a chance de falarmos para essa equipe e mais do que isso, uma grande oportunidade de sensibilizarmos as equipes de saúde ali presentes sobre o papel da comunicação adequada, empática, cuidadosa e fundamental para o processo de luto, especialmente neste cenário.

A perda de um ente querido, e a forma súbita, imprevisível e traumática como nos casos que envolvam acidentes causa enorme desorganização emocional, de tal forma, que a resposta cognitiva e intelectual dessas pessoas passa a funcionar precariamente. 

O quadro de estresse agudo que se veem envolvidas pela notícia alarmante que alguém que ama morreu é provocador de desmoronamento e desconstrução de seus mundos presumidos. Ainda assim, e diante disso, essas famílias muitas vezes são abordadas (e devem ser) pelas equipes de transplante sobre a ideia da doação de órgãos e tomar uma decisão. 

Mas como chegar sem invadir?
Como abordar sem vínculo estabelecido?
Como ser disponível sem ser piegas?
Como mobilizar sem desorganizar mais?
Como ajudar no processo de luto dessas pessoas sem pressioná-las a uma resposta no tempo da viabilidade dos órgãos saudáveis que o seu ente querido, declarado morto, protege dentro de um corpo que funciona artificialmente?
Como não apontar a necessidade do receptor se a necessidade do familiar em sua dor é maior do que qualquer outra?

São questões que merecem discussão, conversas, estudo e cuidado!